domingo, 5 de fevereiro de 2017

Encantador

(...)
Chamam-me de antigo ou falam que eu tenho uma alma velha em um corpo jovem.
Talvez seja verdade.
É que eu gosto de Tom Jobim, Ray Charles e Elis Regina.
Leio Lispector e Bukowski.
Escrevo algumas bobagens por aí e tem gente que gosta.
Acabo me afogando no café, e ora ou outra no vinho,
escutando um bom e velho Blues.
Gosto de amar, como ninguém ama. Meu coração é nobre e estou sempre disposto à ajudar.
Sou pensativo e gosto de estar sozinho, como também,
clamo por um afago, um carinho.
Enquanto a sociedade em que vivemos grita por desapego, eu grito por quem fica, mesmo sabendo que no fim, todos vão embora.
Mesmo sabendo que o “ficar” é inquilino que acaba encontrando uma moradia melhor.
Eu sou antigo, mas não estou por fora do que acontece no mundo.
Eu sei muito bem, não sou cego,
infelizmente.
É exatamente por isso, que eu prefiro continuar com minha alma “velha”.
Por enquanto que o mundo vai se modernizando, e se destruindo;
eu vou virando relíquia, rabiscando poesias e
acabando-me no café.

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